Obras de arte são fascinantes por elas mesmas. O encontro de cada indivíduo com a expressão alheia pode provocar identificações e estranhamentos, muitas vezes, transformadores. De uma maneira ou de outra, trata-se sempre do encontro com o humano, demasiadamente humano, de tudo aquilo que homens e mulheres transformam, reordenam e constroem na natureza, a partir de suas histórias pessoais e dos universos sociais dos quais fazem parte.

No documentário Daquilo que escapa (15') – assista abaixo –, digirido por Francele Cocco e Rafael Frazão para a 14ª Bienal Naïfs do Brasil (2018), seis artistas, dentre os 121 participantes da mostra que acontece até 28 de novembro no Sesc Piracicaba, abrem as portas de suas casas, de seus espaços de trabalho e refletem sobre o fazer artístico, o naïf e, especialmente, suas trajetórias de vida.

"Entrar em contato com os modos de vida e as manifestções artísticas que acontecem fora dos grandes sistemas de produção nos mostrou não apenas a intensa potência da articulação visual e onírica desse campo, mas também nos fez sentir de perto como o devir artista irrompe o tecido da realidade nas condições mais adversas, sendo imensamente maior que qualquer sistema hegemônico que tente regulá-lo", afirmam Francele e Rafael. "A resistência talvez esteja justamente na simplicidade, na alegria criadora e no senso de comunidade. Criar esse documentário para a Bienal Naïfs do Brasil nos trouxe a confiança de que há um lugar auspicioso e maravilhoso soterrado no interior do programa etno-eco-cida que se convencionou chamar de Brasil".

 

 

Daquilo que escapa
Duração: 15 min
Direção: Francele Cocco e Rafael Frazão
Produção: Francele Cocco
Fotografia e edição: Rafael Frazão
Som direto: Christopher Mack
Trilha sonora original: Christopher Mack
Artistas: Arieh, Carmela Pereira, Deusimar (Dibrósio), Guerrode Aldophe, Marcelo Shimaneski e Marcos Akasaki.